segunda-feira, 4 de julho de 2016

Sobre a coletividade

Uma experiência coletiva de construção de novos ideais. Foi o que vivi neste fim de semana na 1ª etapa da Escola de Formação do Levante Popular do Juventude. O Levante é um movimento popular que luta por um Brasil diferente, não refém do sistema político e do capital - o povo no poder. Mas antes de ir às ruas é preciso exercitar a vivência coletiva, é preciso estar munido da prática de aceitar o outro como ele é e juntos construir um ambiente de inclusão e solidariedade. A divisão de tarefas é uma forma linda de entender como uma pequena ação contribui para o bem de todos e que tudo é importante. Confesso que nunca lavei banheiros com tanto prazer e sentido. Em casa, por exemplo, é comum procrastinar meus afazeres, afinal moro sozinho. Mas pensar no outro antes é algo enriquecedor. Para além disso, o exercício de aceitação vai desde o dar e receber um abraço, um beijo até respeitar os espaços de fala e de construção de todos, sejam eles mulheres, homens, trans, gays, lésbicas, negros, brancos. Todos nos tornamos maiores ao mesmo tempo.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Sobre a calma

Me perguntaram ''Como faz isso de não ter expectativas?''. Respondi: "... apenas não quero definir nada.''. Não dá pra evitar as expectativas, mas manter o pés no chão ajuda a não extrapolar. Não sei se essa condição está ligada a idade, talvez esteja ligada às experiências, nesse caso tanto as boas quanto as ruins. É possível até dizer que as decepções formam o nosso caráter mais do que as conquistas podem formar. Não existe mágica nem fórmula pronta. Assim também como não existe controle. É preciso ser inteiro e de todo dedicado no momento que pudermos ser. Não importa se o momento cabe na eternidade ou se ele se espreme em uma noite. Admitindo a realidade de que raramente mostramos quem somos no íntimo, não custa nada manter o desejo no mesmo passo que a serenidade. O que vier será muito bem vindo.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Sobre as chances perdidas

Ingenuidade é achar que teremos outro tempo para dizer, que haverá outra oportunidade. Esperamos sempre a próxima chance. Então ela passa... Não há reserva no tempo. É uma conta que não dá para poupar. Cheque sem fundo. Cada palavra não dita é desperdício. Em nossos aplicativos de celular estamos sempre nos comunicando. Parece haver um roteiro que nos faz estranhar a falta de conversa. A favor disso estamos sempre traindo o silêncio. Mas também traímos o desejo de dizer. Dizer não o que vai fazer o outro se sentir bem, mas aquilo que precisa ser dito.  A vida passa a galopes. E que a gente não sofra além da conta pelo que não dissemos. E que a gente não ame além do que é justo dar ao outro. Mas que antes de tudo a gente não perca tempo.

Sobre as possibilidades

Notícias boas são sempre bem vindas. Recebi uma ligação hoje a tarde, convite para uma entrevista amanhã, às 10h. Estarei lá, todo vestido de formalidade. Para ser franco eu nem esperava mais nada desse caminho, já estou em outros primeiros passos. Ganhar mais grana com a pressão dos prazos e a ilusão da meritocracia ou ganhar menos, talvez bem pouco, fazendo algo novo e arriscado? Conciliar os dois caminhos e não dar 100% em ambos? Então, vou me sentar, relaxar. Não quero pensar nisso. Vou assistir um filme.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Sobre o filme Laranja Mecânica (1971) e nossas escolhas cerceadas



Não sou crítico de cinema, então, devolve o ingresso e pega seu dinheiro de volta se esperava encontrar argumentos super embasados na 7ª arte. Mas eu assisti ao filme Laranja Mecânica (A Clockwork Orange). Foi na segunda tentativa, por que na primeira eu não curti a fotografia do filme nos primeiros 12min (- fotografia? você não disse que não era crítico?). Dessa vez não desisti. 

O Wikipedia diz o seguinte sobre o filme:

Laranja Mecânica (A Clockwork Orange) é um filme anglo-estadunidense de 1971, escrito, produzido e dirigido por Stanley Kubrick, adaptado do romance homônimo de Anthony Burgess, de 1962. Emprega imagens violentas e perturbadoras que estão relacionadas com a psiquiatria, delinquência juvenil, gangues de jovens, e outros assuntos sociais, políticos e econômicos em uma Inglaterra futurista. Alex (Malcolm McDowell), o protagonista, é um sociopata carismático cujos interesses incluem música clássica (principalmente Beethoven), estupro e ultraviolência. Ele lidera uma pequena gangue de arruaceiros (Pete, Georgie e Dim) a quem ele chama de drugues. O filme narra os terríveis crimes de sua gangue, sua captura e a tentativa de reabilitação através do controverso condicionamento psicológico.

Me chamou atenção uma frase dita por um dos responsáveis pelo programa de reabilitação, algo mais ou menos assim "importa é que funciona". A frase foi uma resposta ao questionamento sobre a falta de liberdade de escolha que Alex viveria após o forte condicionamento do programa.

E eu fiquei me perguntando se não é isso que o Estado e uma parcela de sociedade quer de nós, que não tenhamos escolha. Impostos, manobras políticas, desvio de verbas públicas, limite de internet, programas populares assistencialistas, falta de investimento na educação, sistema carcerário em condições precárias, impunidade para muitos crimes, legislação que não abrange as causas LGBTs, tradicionalismo religioso, falta de segurança, hospitais sucateados. TUDO isso é para nos tirar a liberdade, para condicionar nossas escolhas à correntes políticas e propagar os discursos de ódio, a miséria, a alienação, a subsistência, o preconceito e a falta de oportunidades.

No filme, a música evocava no personagem principal imagens que ele ligava aos seus instintos violentos. Estou me perguntando o que nos evoca para lutar contra o que nos é imposto por muitas gerações.


terça-feira, 17 de maio de 2016

Sobre as expectativas

Existe alguma fórmula para lidar com a ansiedade? É foda! A gente tenta não criar expectativas com as demandas da vida, tenta manter um equilíbrio emocional, tenta manter os pés no chão, mas não é fácil. Já percebeu como a gente antecipa os resultados? Quando você deixa um currículo em uma empresa, por exemplo, nem participou do processo seletivo ainda, mas já pensa no que vai fazer com o primeiro salário. E quando estamos interessados em uma pessoa? Ainda não existe reciprocidade, mas já sonhamos com a lua de mel. O que é essa necessidade de amarrar as coisas? Por que precisamos tanto dessas fantasias? Entrar nesses tipos de processos é estar meio inerte em realidades efêmeras. Parece que a todo instante a gente encontra e desencontra o sucesso, abraça a pessoa amada, mas ela some como fumaça. Não é fácil sentir. Não é fácil esperar.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Sobre a estupidez

Eu sei ser bem desagradável quando quero. Sei mesmo. Fui aprendendo na vida que há momentos em que você deve pensar apenas em si. São momentos de auto defesa. Também sei ser muito gentil, na verdade, na maioria do tempo estou tentando ser a pessoa gentil, escolhendo bem as palavras e procurando não ultrapassar o espaço do outro. Até perco diversas oportunidades por esperar demais. Mas o que eu não tolero é a rispidez, assim como a petulância. E acho que a melhor maneira de devolver a rispidez é com a indiferença. Quando retribuo com ira estou dizendo que há importância. Quando retribuo com a indiferença estou dizendo que já não faço muita questão. É simples. É zelo.